segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Belle Époque no Brasil

A Belle Époque foi um período marcado pelas profundas mudanças no cotidiano de Paris, mudanças estas de boa repercussão para a elite da época. A França era o centro cultural mundial e todos queriam copiá-la. O Brasil não ficou de fora, artistas brasileiros como Augusto Rodrigues Duares, Henrique Bernardelli, Manuel Teixeira da Rocha, Pedro Américo, Pedro Weingartner e Eliseu Visconti estiveram presentes em exposições na França. Porém foi em 1889, ano da Proclamação da República, que o nosso país por dentro começa a se desenhar com inspiração nos padrões franceses. A ligação com a França é profunda nesse período, entre os membros da elite brasileira era inconcebível não ir a Paris pelo menos uma vez ao ano, para estar a par das mais recentes inovações.
No Brasil surgem grandes nomes de uma nova cultura, do sanitarista Oswaldo Cruz e do engenheiro Pereira Passos ao “Abre Alas” de Chiquinha Gonzaga.
Era uma nova segmentação de intelectuais, o Brasil queria mudar. De acordo com uma pesquisa de Alexei Bueno publicada em 2004 pela revista Rio Artes, valia de tudo para a imprensa do período da Belle Époque. Grandes figuras do jornalismo e das letras tratavam personalidades da literatura brasileira de até alguns anos atrás com deboches ácidos. “Meticuloso, lamuriento, burilador de frases banais, bolorento pastel literário, autor de bombinhas da China”. Considerado o maior escritor brasileiro, Machado de Assis foi assim atacado por alguém credenciado, o crítico literário Sílvio Romero, contemporâneo do escritor e jornalista como ele. Em seu livro Estudos de Literatura Contemporânea, Romero disse ainda que o autor de Quincas Borba não passava de um “pequeno representante do pensamento retórico e velho no Brasil” e que sua produção simbolizava “nosso romantismo velho, caquético, opilado e sem idéias”.
Mal sabia Romero que esse “pequeno representante” do Brasil iria ser reconhecido como um dos maiores escritores do nosso país, para não dizer “o maior”.
Mas não foram somente os costumes que mudaram, as cidades como consequencia sofreram alterações significativas para se aproximarem do estereótipo da cidade luz e beneficiar o comércio. “O Rio Civiliza-se!”, é a expressão mais corrente após a conclusão da Avenida Central. Baniu-se do centro da cidade do Rio de Janeiro a presença dos humildes e permitiu que a burguesia ganhasse as ruas, caminhando para uma nova cidade de rosto parisiense. A nova configuração dos terrenos ao longo da Avenida permitiu a construção de grandes edifícios, em que todos tinham cunho estritamente comercial. A predominância de grandes lojas afastou definitivamente os pequenos comerciantes, que não tinham como arcar com tais despesas, fazendo da avenida lugar exclusivo das grandes corporações.
Num resumo podemos falar que a Belle Époque no Brasil é uma fase de transição do regime monárquico para o republicano, tanto que o fim da Belle Époque começa a se manifestar em 1922, ano em que ocorreu a semana da arte moderna, para de desintegrar totalmente até o final dos anos 20, quando acabaria a Primeira República. É pela mudança dos valores cultuados pela sociedade brasileira que se caracteriza. Pelo preconceito cristalizado que se evidencia com o ideal de beleza que a republica quer passar. Com a imagem de uma população nobre e culta ser a digna para ser passada aos estrangeiros. Assim acabavam varrendo para os cantos a imensa maioria do povo brasileiro, em nome da suposta beleza e do comércio. Mas para falarmos desse outro lado da Belle Époque deixemos para o texto abaixo.
 
Pierros posam para foto em frente ao Teatro Municipal (1919)

 

A face obscura da Belle Époque tropical

 

A Belle Époque foi considerada um período de luxo e transformações sociais e culturais que se espalhou pela Europa e chegou ao Brasil. Inspirado nesses ideais a burguesia brasileira começou a implantar os costumes advindos da civilização européia, porém nem tudo foi só ostentação e luxuosidade, para manter a sociedade elitista brasileira, muitos trabalhadores eram obrigados a trabalhar  em péssimas condições. Enquanto cidades brasileiras como Rio de Janeiro e especialmente Manaus, viviam o auge da Belle èpoque, sua situação sócio-econômica era devastadora, principalmente na capital amazonense, onde o lucro da burguesia adivinha da exploração de recursos naturais como o latéx. Manaus se desenvolvia, eram construídos avenidas armazéns, graças ao ciclo da borracha, porém esse desenvolvimento gerou caos, Manaus conhecida como a Paris tropical, exportava latéx para toda Europa.Entre 1890 a 1912 Manaus vivia o ciclo do latéx, material alvo de especulações de países europeus, Manaus era um grande campo de latéx, mas seus trabalhadores eram mau pagos e obrigados a trabalhar em condições precárias.

Foto da avenida principal de Manaus a ilusão de prosperidade contrastava com a desigualdade social

Foto do Banco de Manaus 




O ciclo da borracha chegou ao fim em 1912, devido aos países europeus, exportarem sementes da seringueira para países como Ceilão e Índia, aonde conseguiam preços mais baratos pela matéria prima da borracha, Manaus passa por uma profunda depressão a cidade que crescera e concentrava lucros absurdos nas mãos de burgueses, se via abandonada, seus luxuosos mercados e armazéns de roupas estavam abandonados e Manaus ficou esquecida do resto do mundo.

Art Nouveau

A Belle Époque foi mais que um período: foi um estado de espírito em meio a tantos conflitos. Reflexo disso foram as artes e a literatura que tresvalorizaram o modelo antigo de criação.

O estilo artístico Art Nouveau é caracterizado justamente por essa ruptura que persistia na arte e arquitetura européia naquela época, e que interessa mais de perto às artes aplicadas: arquitetura, artes decorativas, design, artes gráficas, mobiliário e outras. Encaixa-se como uma reação ao historicismo da arte acadêmica do século XIX, ao sentimentalismo e expressões líricas dos românticos, e visa adaptar-se à vida cotidiana, às mudanças sociais e ao ritmo acelerado da vida moderna. Era um estilo novo voltado para a originalidade da forma, destituindo quaisquer preocupações ideológicas e sem quaisquer tradições estéticas.  

Auto-intitulado nova arte, o estilo utiliza os novos materiais do mundo moderno, como o ferro, o vidro e o cimento. Há uma rejeição às formas meramente funcionais envolvidas em todos os objetos decorativos provenientes da produção em massa para a adoção das formas sinuosas, curvilíneas. São valorizadas a lógica e a racionalidade das ciências e da engenharia. Assim, o estilo acompanha em seu próprio espaço os vestígios da industrialização e o fortalecimento da burguesia.
A fonte prioritária de inspiração dos artistas é a natureza, as linhas sinuosas e assimétricas das flores e animais. O movimento da linha assume o primeiro plano dos trabalhos, ditando os contornos das formas e o sentido da construção.
O maior expoente, e pintor, da Art Nouveau foi Gustave Klimt, que, inclusive, teve um filme baseado em sua vida: “Klimt”, do cineasta Raoul Ruiz. O artista vienense desenvolveu uma pintura muito própria - ornamental, linear e feminina. Aclamado pela sociedade vienense, o artista pintou uma série de retratos de mulheres. Em seus últimos anos, dedicou-se a paisagens e cenas alegóricas, muitas delas inspiradas pelo pequeno castelo que adquiriu perto do lago Atter. A obra "O Beijo", pintado entre 1907 e 1908, é considerada sua obra-prima.
"O Beijo", de Gustave Klimt


O professor de Artes André Monteiro nos conta no vídeo abaixo algumas curiosidades da Belle Époque e da Art Nouveau: 


Um grande marco na Belle Époque na França foi a inauguração do cabaré Moulin Rouge. Construido em 1889 por Josep Oller,  o cabaré tornou-se um símbolo emblematico da noite parisiense, e nos dias atuais continua sendo visita obrigatória para muitos turistas que querem apreciar uma noite tematica, com espetaculos de cancan e muitos posters de Henri Toulouse-Lautrec, pintor e litógrafo da época.






Henri Toulouse foi um pintor notório para sua época por suas pinturas pós-impressionista, além de ter revolucionado o design grafico com seus cartazes publicitarios, principalmente para o Moulin Rouge, com a Art Nouveau.





domingo, 21 de novembro de 2010

Belle Époque X Moda

A Belle Époque como um movimento comportamental da sociedade, também influenciou a moda da época. As mudanças aconteceram em todas as vestimentas, desde o vestido de gola alta até a forma do sapato. E como todas as mudanças da própria moda, o vestuário feminino, sempre com diferenciações do vestuário masculino (a moda masculina era confortavel mas sempre mostrando imponescia), foi o que mais teve modificações.

Com o exagero e a ostentação de fácil reconhecimento nas roupas, além do corpo feminino ser pouco exposto. Essas características eram representadas no volume excessivo de panos, penas, rendas e pérolas, além de babados, plissados, bordados, lantejoulas, rufos entre outros ornamentos.


 
Apesar de surgir uma moda que cobria totalmente o corpo feminino, o ideal de beleza eram as formas arredondas, e o uso excessivo do espartilho que deixava o corpo em formato de “S”, e era essencial que a cintura medisse 40cm. Foi também nessa época que pela primeira vez que as mulheres puderam ter vestimentas mais masculinizadas. Assim surgiu a saia-calção, um modelo bufante de peça inferior, o tailleur composto pela saia justa e longa e o casaco do mesmo tecido, e para os banhos de mar, que começaram a se tornar comuns para a sociedade, os trajes usados eram feitos de malha (em sua maioria fios de lã), além de uma capa protetora. Normalmente as mulheres usavam meias e sapatos durante o banho de mar.


Tailleur feminino
Traje de Banho
Principais caracteristicas na moda feminina:

  • Cinturas extremamente afuniladas (cerca de 40 cm de circunferência) - Ampulheta
  • Golas altas e decotes fechados
  • Saias sem anquinhas, porém volumosas, muito ajustadas e em formato de sino
  • Chápeus com flores sobre coques
  • Botas de cano curto
  • Prática de esportes - Hipismo e Tênis 
  • Banhos de mar com malhas de lã, meias, sapatos e capa
  • Alta-Costura em evidência com novos nomes: Jacques Doucet, John Redfern e Paul Poiret

Cuiosidades:

  • A moda infantil era baseada na moda dos mais velhos.
  • As vestimentas masculinas nunca mudaram drasticamente.
  • No Brasil, mesmo com o clima tropical, as pessoas usavam tecidos pesados, chapéus, luvas e outros acessorios importados da Europa



quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Introdução

Antes de começarmos a falar sobre a Belle Époque (Bela Época), devemos um breve resumo sobre a Europa socio-economica antes do movimento. E quais foram os acontecimentos antecedentes que geraram o movimento do final do século XIX até o começo do século XX.

A partir do século XIV, a sociedade européia deixa a estagnação social e cultural da idade média para os valores do período RENASCENTISTA, que tem como característica predominante a ideologia antropocêntrica, a troca de  Deus como centro do mundo, pelo o homem, esta filosofía foi introduzida e predominou todos os períodos pós- idade média. Com isso, tudo que envolve comportamento na sociedade, como a arte, literatura, moda, teatro, muda em cada movimento cultural.
Com o antropocêntrismo e outros dois grandes acontecimentos do século XVIII, vemos a influência  para a  Bela Época. O ILUMINISMO e a Revolução Industrial, dois acontecimentos um tanto quanto distintos mas que afetou de modo evidente a sociedade como um todo.
Os iluministas com a liberdade de pensamento tinham como ideal a extensão dos princípios do conhecimento crítico a todos os campos do mundo humano.


Iluminismo - a Liberdade, com gorro frígio usado na França da 1ª República, lança raios do cetro da razão sobre a Ignorância e o Fanatismo.

Diferentemente do Iluminismo, a revolução industrial abrangeu todos os pontos significativos de qualquer sociedade, envolveu todas as classes sociais e modificou seu cotidiano, diferiu a economia do que era antes e principalmente modificou a sociedade por completo, com a introdução de tecnologia em  industrias e  métodos de produção mais eficientes.





Mulheres e crianças nas fábricas têxteis
Então, a partir do ano de 1871 surgi a Belle époque,o movimento cultural prezava a intelectualidade e o equilibrio do cotidiano urbano. Considerada uma era de ouro da beleza, o que mais chamava atenção era o ostentação e ,a procura pelo belo, que era visto em todos os lugares, principalmente no corpo feminino. Com uma grande repercução pelo ocidente com a moda, os esportes, como equitação e tenis, a arquitetura, arte, pintura, literatura, e uma invenção que iria mudar a vida de todos, o cinema, a Belle Epoque foi um movimento de muita classe e elegancia, que acabou em 1914 a paz armada e começou a 1ª Guerra Mundial.

O Conceito
Costuma-se definir Belle Époque como um período de pouco mais de trinta anos que, iniciando-se por volta de 1880, prolonga-se até a Guerra de 1914.
Mas essa não é, logicamente, uma delimitação matemática: na verdade, Belle Époque é um estado de espírito, que se manifesta em dado momento na vida de determinado país.
No Brasil, a Belle Époque situa-se entre 1889, data da proclamação da República, e 1922, ano da realização da Semana da Arte Moderna em São Paulo, sendo precedida por um curto prelúdio – a década de 1880 – e prorrogada por uma fase de progressivo esvaziamento, que perdurou até 1925.